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Gustavo Almeida

Alepi: com orçamento de meio bilhão, Franzé meteu os pés pelas mãos

Com gestão marcada por obra atrasada e desorganização financeira, presidente da Assembleia Legislativa ainda teve coragem de alegar orçamento pequeno.

 Franzé Silva na Assembleia Legislativa do Piauí (Foto: Divulgação/Alepi)

Na última segunda-feira (20), o presidente da Assembleia Legislativa do Piauí, deputado Franzé Silva (PT), resolveu fazer uma cena. Chamou a imprensa para mostrar o que ele considera ser um ato pioneiro de transição de gestões na presidência da Alepi.

Prestes a deixar a cadeira de presidente, ele se reuniu com o futuro presidente Severo Eulálio (MDB), percorreu o prédio da Assembleia e mostrou ao sucessor e aos jornalistas a atrasada obra de reforma da casa. Severo pôde conhecer um pouco do pepino que terá que descascar quando assumir. Aliás, a malfadada reforma é apenas um dos pepinos.

O que chamou atenção foi a justificativa de Franzé para o atraso da obra. De acordo com o petista, um dos motivos para não ter conseguido concluir a reforma foi o “orçamento insuficiente” da Assembleia Legislativa. Segundo ele, o dinheiro disponibilizado para o Poder Legislativo é pouco para a realidade do órgão e não cobre as necessidades.

Ouvir uma afirmação dessas é uma agressão aos ouvidos dos sensatos. Nos dois anos de Franzé como presidente, ele administrou um orçamento de quase R$ 1 bilhão. Em 2023, primeiro ano da gestão dele, o orçamento da Alepi foi de R$ 450,8 milhões. Em 2024, o segundo ano de Franzé no comando da casa, o orçamento saltou para R$ 471 milhões.

Para se ter uma ideia, o orçamento que Franzé diz ser pequeno foi 35 vezes maior em 2024 do que o orçamento da Secretaria Estadual de Defesa Civil, pasta responsável por ações de enfrentamento aos efeitos da seca no semiárido e de socorro emergencial em casos de desastres como o que ocorreu em Picos devido às inundações.

Franzé durante reunião com Severo Eulálio (Reprodução/Instagram Franzé)

O orçamento insuficiente alegado por Franzé para administrar a Assembleia Legislativa é também, pasmem, muito maior que o da Universidade Estadual do Piauí (Uespi), instituição de ensino que tem 15 mil alunos em todo o estado. Para 2025, por exemplo, o orçamento previsto para a Uespi é de R$ 341 milhões. Já o da Alepi é R$ 518 milhões.

A Assembleia Legislativa, todos sabem, é um berço de regalias. Franzé assumiu a presidência da casa após 18 anos seguidos de um verdadeiro reinado absolutista de Themístocles Filho (MDB) no comando da casa. Empolgado e aparentemente achando que iria revolucionar, ele pensou que a Assembleia seria trampolim para ser prefeito de Teresina, mas nem candidato conseguiu ser. Depois botou na cabeça a ideia de se eleger deputado federal em 2026, missão vista hoje como dificílima por seus pares.

Na Alepi, entre servidores e a maioria dos deputados, o clima é de insatisfação. A gestão de Franzé chegou a atrasar até os repasses para os gabinetes dos deputados. A impressão é que o petista quis chegar abafando, mas está saindo de forma melancólica.

A inacabada obra de reforma da Alepi, que ele pretendia deixar como símbolo de sua passagem pela presidência, vai mesmo ser um símbolo: o de um presidente que meteu os pés pelas mãos e saiu muito menor do que entrou.

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