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Gustavo Almeida

Vai ter coletiva pomposa sobre o erro no caso dos cajus de Parnaíba?

Mulher apontada como autora de envenenamento de crianças ficou presa cinco meses mesmo sem um laudo pericial que confirmasse o fato.

 Sede de Secretaria de Segurança Pública do Piauí (Foto: Divulgação/SSP-PI)

Uma mulher de 52 anos acusada de matar duas crianças com cajus envenenados. Presa pela polícia, teve a casa incendiada em Parnaíba por vizinhos revoltados com o "crime" que ela, segundo a investigação policial, teria cometido.

Com os elementos levantados pela Polícia Civil do Piauí, ela é denunciada formalmente pelo Ministério Público Estadual (MP-PI) por duplo homicídio qualificado. Segundo a versão apresentada pela polícia e pelo MP, ela colocou terbufós (chumbinho de rato) nos cajus porque as duas crianças entravam em seu quintal para pegar as frutas.

A "atitude criminosa" da mulher chocou o Piauí e, naturalmente, revoltou as pessoas de bem, afinal, como uma pessoa pode ser tão ruim ao ponto de colocar veneno em cajus para matar duas crianças inocentes?

Cinco meses depois, com a mulher presa esse tempo todo, o Piauí e o Brasil ficam sabendo que estava faltando uma coisa: o laudo pericial nos cajus para apontar se, de fato, havia substância venenosa nas frutas. 

O programa Fantástico, da Rede Globo, revelou em primeira-mão no domingo (12) o resultado do laudo, que só saiu agora. A reportagem do competente jornalista Edigar Neto e equipe revelou que os exames apontaram que não tinha veneno nos cajus consumidos pelas crianças, o que indica que a mulher estava presa e acusada injustamente.

Nesta segunda-feira (13), horas após a exibição da reportagem, Lucélia Maria da Conceição Silva foi solta. O próprio Ministério Público, agora com base no laudo pericial retardatário, pediu a revogação imediata da prisão dela, após 5 meses na cadeia.

A defesa de Lucélia sustenta que a acusação foi "lançada prematuramente no Judiciário sem as devidas confrontações". Ela sempre negou as acusações.

A reviravolta parece que só foi possível porque outro caso de envenenamento na mesma família dos dois garotos aconteceu na noite do último reveillon, terminando com a morte de mais quatro pessoas. Com o acusado pelo novo envenenamento preso, passou-se a suspeitar se não teria sido ele também o autor do crime das crianças em agosto. Foi aí que se chegou à conclusão do equívoco contra Lucélia, com o laudo revelado só agora.

Diante de um erro aparentemente crasso, ficam algumas perguntas:

1) Se não fosse o novo caso de envenenamento ocorrido no reveillon, Lucélia iria ficar presa por mais quanto tempo?

2) Quem vai pagar pelo prejuízo da casa dela que foi incendiada por vizinhos furiosos em razão da acusação?

3) Vai ter coletiva de imprensa pomposa e badalada na Secretaria de Segurança Pública do Piauí para explicar essa presepada da polícia que deixou Lucélia Gonçalves cinco meses na cadeia? 

Perguntar não deve ofender.
 

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