Filha do ex-governador, ex-senador e ex-prefeito Mão Santa, a deputada estadual Gracinha Mão Santa (Progressistas) pode ser o nome da oposição para enfrentar o governador Rafael Fonteles (PT) nas eleições de 2026. A pré-candidatura dela é admita pelos principais líderes oposicionistas.
Antes de falar especificamente sobre ela, faz-se necessária uma breve contextualização sobre a presença feminina na política do Piauí nos dias atuais.
Nos últimos anos, houve um aumento no número de mulheres em cargos políticos. Porém, no Piauí e em muitos outros lugares esse crescimento ainda é relativamente tímido. Por aqui, ainda causa estranheza quando uma mulher ganha real protagonismo e espaço de fala relevante na política.
Os números falam
Em 2022, apenas quatro mulheres foram eleitas deputadas estaduais no Piauí, mantendo a mesma representatividade alcançada nas eleições de 2018. Foram eleitas: Gracinha Mão Santa (PP), Bárbara do Firmino (PP), Ana Paula (MDB) e Janaínna Marques (PT). Com a eleição de Pablo Santos (MDB) para prefeito de Picos, a suplente Simone Pereira se tornou titular do mandato, aumentando para cinco a bancada feminina na Alepi.
Quando o assunto é a Câmara Federal, o cenário é ainda mais acanhado. Em 2018, o Piauí elegeu quatro deputadas federais (Iracema Portella, Rejane Dias, Margarete Coelho e Dra. Marina Santos), mas em 2022 caiu para apenas uma mulher: Rejane Dias foi eleita. Contudo, ela sequer chegou a assumir o novo mandato porque foi nomeada pelo governador Rafael Fonteles (PT) para o cargo de conselheira do Tribunal de Contas do Piauí (TCE).
No Senado não é diferente. Nenhuma mulher foi eleita senadora da República pelo Piauí. As que chegaram lá (Regina Sousa, Eliane Nogueira e Jussara Lima) eram e/ou são suplentes.
No Governo do Estado, Margarete Coelho assumiu o Executivo algumas vezes durante viagens do então governador Wellington Dias (PT), de quem era vice. Já Regina Sousa, vice do petista em seu quarto mandato, assumiu a titularidade do Governo em abril de 2022 após a renúncia de Wellington, se tornando, de fato, a primeira mulher governadora do estado. Apesar disso, ela não teve sequer a chance de disputar a reeleição.
Não é fácil para elas
Engana-se quem pensa que o cenário político é propício para a permanência das mulheres. Em um mundo onde os espaços de poder foram pensados por e para homens, mulheres precisam se esforçar em dobro para serem notadas, respeitadas e votadas.
Muitos são os fatores determinantes para o sucesso de uma mulher na vida pública e, sem dúvidas, dois deles são coragem e determinação dobradas.
O nome de Gracinha
Nas possibilidades para 2026, o Piauí poderá, finalmente, ter uma mulher disputando de forma competitiva o Governo do Estado. Se for mesmo escolhida pela oposição, a deputada Gracinha Mão Santa será a primeira vez que um grupo político relevante e competitivo no Piauí apostará num nome feminino. Se vai ganhar a eleição, aí é outra história.
Características
Além do sobrenome, Gracinha herda os trejeitos, a irreverência e a forma de se expressar do pai, o ex-governador Mão Santa. Assim como ele fez em 1994, Gracinha - se for mesmo candidata - disputará o Governo do Piauí em condições adversas, porém, muito menos improváveis.
Mão Santa venceu a eleição naquele ano contra Átila Lira e seu grupo poderoso tendo apoio de apenas três prefeitos. Gracinha contaria com o apoio do grupo do senador Ciro Nogueira e aliados para enfrentar a popularidade e a forte base do governador Rafael Fonteles.
Embora o discurso de que mulheres devem estar na política seja, via de regra, mais difundido pela esquerda, no Piauí a esquerda não preparou nomes que possam disputar. Não custa lembrar: quando Regina Sousa, mulher negra, de origem humilde, expoente da ala raiz do PT, exerceu o mandato de governadora, ela sequer teve a chance de disputar a reeleição.
De direita, Gracinha se mostra entusiasmada com os gestos de líderes da oposição que a querem na disputa pelo Governo do Piauí. É aguardar para ver.