Ganhou repercussão em sites nacionais no fim de semana a revelação de que duas irmãs da senadora Jussara Lima (PSD) recebem R$ 600 do programa Bolsa Família, cujo benefício é destinado a pessoas em condição de pobreza. O caso foi divulgado inicialmente pelo Portal AZ, em matéria assinada por José Ribas Doran. Procurada pelo site Poder360, que repercutiu o assunto, Jussara disse que não iria se manifestar.
As duas irmãs da senadora, Magaly Gomes Alves de Sousa e Suely Gomes Alves de Sousa, residentes na cidade de Fronteiras, de onde Jussara é natural, recebem auxílio do Governo Federal desde maio de 2013, com uma interrupção apenas no governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), quando o Bolsa Família virou Auxílio Brasil.
Jussara, vale lembrar, é suplente e está exercendo o mandato no Senado desde fevereiro de 2023 porque o titular Wellington Dias (PT) se licenciou para assumir o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, justamente a pasta que gerencia os programas sociais do governo, entre eles o Bolsa Família.
A presença das irmãs de Jussara no Bolsa Família é bastante constrangedora. Mesmo considerando a hipótese de que elas atendam aos critérios para receber o benefício - afinal, é comum ter gente pobre com parentes ricos e importantes - o episódio impõe ao Piauí e ao grupo político de Jussara um grande constrangimento.
Vamos lembrar que não é apenas a figura de Jussara envolta nesse contexto pra lá de contraditório. A senadora é mulher de um deputado federal poderoso, mãe de um influente deputado estadual e madrasta do superintendente do Sebrae no Piauí. A família é, para além do prestígio político, reconhecida pelo poder aquisitivo. São milionários.
Além disso, na própria cidade de Fronteiras, onde as irmãs da senadora residem, a família tem grande influência política. Jussara já foi vice-prefeita do município, o atual prefeito pertence ao seu grupo e o vice é seu cunhado. Na administração municipal, uma outra irmã de Jussara é secretária de Cultura. Há, ainda, outros parentes na gestão.
Não é razoável que uma família tão rica e poderosa na política tenha membros tão próximos, de dentro de casa, cadastrados em um programa social voltado para combater a miséria e a pobreza. Ainda que se considere quaisquer outras hipóteses, existe algo que está fora do lugar na presença de duas irmãs de uma senadora da República em um programa de combate à pobreza.
Uma situação que, convenhamos, é vexatória não apenas para a família e o grupo político da senadora Jussara Lima, mas para o próprio estado do Piauí.