Em mais de 200 anos de história do Piauí, apenas seis mulheres representaram o estado na Câmara Federal. Embora tenham conquistado o direito de votar e serem votadas no Brasil apenas em 1932 - há 92 anos - as mulheres poucas vezes foram eleitas para o cargo de deputada federal pelo Piauí ao longo desse período.
A pioneira

A primeira mulher eleita deputada federal no Piauí foi Myriam Portella, em 1986, mais de 50 anos depois da conquista do voto e do direito das mulheres de disputar eleições. Myriam Portella ainda fez história em dose dupla, já que foi deputada federal constituinte. Na época, apenas 25 mulheres exerciam mandato no Congresso Nacional.
Myriam, que morreu em abril de 2020, aos 87 anos, era mulher de Lucídio Portella, que foi senador, vice-governador e governador do Piauí. Dona Myriam, como era chamada, exerceu apenas um mandato na Câmara Federal. Ela não se reelegeu na eleição de 1990.
Morte precoce

Depois de Myriam, passaram-se 16 anos até que outra mulher chegasse à Câmara Federal. Francisca Trindade (PT) foi eleita nas eleições de 2002 com votação recorde (só superada em 2010 por Marcelo Castro) e se tornou a segunda mulher deputada federal pelo Piauí. Ainda jovem e com uma carreira política promissora, Trindade morreu no sexto mês de mandato, em 26 de julho de 2003. Ela tinha 37 anos.
Antes de ser deputada federal, Trindade já tinha sido vereadora de Teresina e deputada estadual. Sua morte causou grande comoção no Piauí. Na época, o presidente Lula, que estava no primeiro mandato, veio ao velório da deputada no Ginásio Verdão, em Teresina.
Filha da pioneira

A terceira mulher a se tornar deputada federal pelo Piauí foi eleita em 2010. Iracema Portella (Progressistas) seguiu os passos da mãe. Ela é filha de dona Myriam Portella, que foi a primeira deputada federal da história do Piauí. Em 2010, Iracema era casada com Ciro Nogueira, que era deputado federal e naquele mesmo ano se elegeu senador.
Oriunda de uma família muito tradicional da política do Piauí, Iracema foi reeleita nas eleições de 2014 e 2018, exercendo três mandatos seguidos na Câmara Federal. Em 2022, foi candidata a vice-governadora do Piauí e, por isso, não disputou a reeleição para deputada.
De São João do Piauí

A quarta mulher deputada federal no Piauí foi Rejane Dias (PT). Natural de São João do Piauí, no semiárido do estado, ela foi eleita em 2014 para seu primeiro mandato na Câmara Federal, sendo a mais votada para o cargo. Naquele mesmo ano, o marido Wellington Dias (PT), que era senador, foi eleito governador do Piauí (pela 3ª vez).
Rejane, que já tinha sido deputada estadual, foi reeleita deputada federal em 2018 e 2022. Contudo, não chegou a exercer o último mandato, pois foi nomeada conselheira do Tribunal de Contas do Estado do Piauí (TCE-PI) em janeiro de 2023, dias antes da posse na Câmara. Assim, abriu mão do mandato para o qual foi eleita.
Mais duas pra conta

Nas eleições de 2018, mais duas mulheres foram eleitas deputadas federais. Margarete Coelho (Progressistas) e Marina Santos, à época no PTC. Margarete já tinha sido deputada estadual e vice-governadora. Marina nunca tinha exercido cargo eletivo.
As duas, porém, não conseguiram se reeleger nas eleições de 2022, exercendo apenas um mandato na Câmara Federal. De todas as eleições, foi justamente a 2018 a que mais elegeu mulheres deputadas federais. Além de Margarete e Marina, foram eleitas naquele pleito Iracema Portella e Rejane Dias (elas já tinham mandato e foram reeleitas).
Estão na história
Juntas, Myriam Portella, Francisca Trindade, Iracema Portella, Rejane Dias, Margarete Coelho e Marina Santos são as únicas mulheres a conquistarem mandatos pelo Piauí na Câmara dos Deputados.
Apenas seis em 200 anos de história. É um número pequeno e revela que ainda há um caminho grande para que se reduza o desequilíbrio de gênero tão notado nos parlamentos do Brasil.